A história das escolas

Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de abril de 1975
Depois de realizar o chamado mapeamento musical no Brasil, com as coleções "Musica Popular do Nordeste" (1972) e "Música Popular do Sudeste-Centro-Oeste" (1973/74), que agora terá prosseguimento com "Música Popular do Sul", o produtor Marcus Pereira faz outro lançamento fundamental para a cultura musical brasileira: "História das Escolas de Samba". Entregando ao competente J. C. Botezelli (Pelão), o produtor do ano (74) pelos discos de Cartola e Adonirã Barbosa, esta tarefa, Marcus Pereira fez uma coleção fundamental para quem se interessa por nossa cultura popular. Marginalizadas durante várias décadas pelos chamados "donos"da cultura tradicional, só a partir da década de 60 as Escolas de Samba começaram a ser devidamente valorizadas e estudadas em sua representatividade de expressão de cultura do povo carioca. E isso se deve ao jornalista Sergio Cabral, que muito oportunamente foi convidado para escrever sobre a importância das quatro escolas focalizadas nesta coleção: Portela, Salgueiro, Mangueira e Império Serrano. Em cada uma destas escolas, Pelão pesquisou os seus sambas-enredos de maior importância, num trabalho em que procurou o assessoramento de seus próprios integrantes, que também participaram das gravações. O resultado é que o documentário tem a maior atualidade, não apenas aos estudiosos da música carnavalesca, mas a quem tem ouvidos abertos para a nossa MPB. Como o lançamento ocorreu às vésperas deste Carnaval, não obteve a repercussão necessária. Mas não tem importância: é uma coleção de catálogo, que será vendido todos os anos, a quem se interessa pela festa mais espontânea e autêntica do povo brasileiro.